terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

JOÃO 11.35: JESUS CHOROU (Segundo as regras de artigos para publicação conforme Instituto Presbiteriano Mackenzie - Centro Presbiteriano de Pós

JOÃO 11.35: JESUS CHOROU
Anderson Vieira*


RESUMO
Este artigo defende que João 11.35 relata a natureza de Jesus como sendo plenamente Deus e plenamente Homem. Tal afirmação é defendida com base nos seguintes argumentos: (1) Sentia emoções (Mt 9:36; 14:14; 15:32; 20:34); (2) Sentia tristeza e angústia (Mt 26:37); (3) Sentia alegria (Jo 15:11; 17:13; Hb12:2); (4) Sentia indignação (Mc 3:5; 10:14); (5) Sentia ira (Mt 21: 12,13); (6) Se surpreende (Lc 7:9; Mc 6:6); (7) Se sente atormentado (Mc 14:33); (8) Se comove e chora (Jo 11:33,35,38). Ou seja, o Deus encarnado assumiu completamente a humanidade, tornando-se passível das mesmas limitações físicas e psicológicas comuns a todos os homens, expressando a sua humanidade inclusive através do choro, das lágrimas.

PALAVRAS-CHAVE
João 11.35; Jesus; Chorou.


INTRODUÇÃO
A Bíblia diz em Gênesis 27.38, que quando Esaú soube que seu pai Isaque, tomado de engano, havia abençoado Jacó em seu lugar, levantou a sua voz e chorou.
A Bíblia diz em Neemias 1.3-4, que quando Neemias soube que seus irmãos estavam em miséria e desprezo e os muros de Jerusalém derribados, se assentou, lamentou e chorou.
A Bíblia diz em Salmos 137.1, que quando os Israelitas cativos na babilônia se lembravam de Sião, choravam.
A Bíblia diz em Mateus 26.75, que quando o apóstolo Pedro lembrou-se das palavras de Jesus, que lhe dissera: Antes que o galo cante, três vezes me negarás. Pedro chorou amargamente.
A Bíblia diz em Lucas 8.52, que todos choravam na casa de Jairo, um dos principais da sinagoga pela morte de sua filha.
É fato que à semelhança dos personagens bíblicos, quem dentre nós nunca chorou, nunca derramou uma lágrima? Choramos devido ao sofrimento, angústia e dor. Choramos de arrependimento. Choramos também de felicidade, pelo filho que nasce, pela conquista de um sonho, pelo reencontro com alguém que há muito tempo não se via e que amamos. Chorar é um ato corriqueiro na vida do ser humano. Na verdade, quando nascemos, já o fazemos à base do choro. Muito choro.
Agora, o texto áureo deste artigo (Jo 11.35), um dos menores versículos da Palavra de Deus, faz uma declaração impressionante. Ele diz que o profeta, sacerdote, rei e messias, o Filho do homem, Filho de Davi, o Deus encarnado, o Príncipe da paz, o Cordeiro de Deus, Aquele a quem foi dada toda autoridade no céu e na terra, Aquele perante o qual todo joelho se dobrará e toda língua confessará, Jesus, chorou.

1. CONTEXTO EM QUE JESUS CHOROU

O contexto em que o texto está inserido é a morte daquele a quem Jesus amava, seu amigo de Betânia, Lázaro. O verbo “chorou” empregado nesta passagem no original grego é δακρυο** (dakruo), o que indica que Jesus verdadeiramente derramou lágrimas e depois pranteou em silêncio, visto que o (verso 33) diz que quando Jesus viu Marta, irmã de Lázaro chorando e também os judeus, moveu-se muito em espírito e perturbou-se. Isso prova o amor do Deus feito homem por nós. Ele não é indiferente em relação ao nosso sofrimento. Mesmo sendo Ele a ressurreição e a vida, e tendo dito anteriormente aos seus discípulos que iria despertá-lo (verso 11), Jesus chorou.
Em Hebreus 4.12 está escrito: “Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado”.
Uma questão a ser abordada é que nossas atitudes podem fazer Jesus alegrar-se ou chorar com relação a nós. É bem verdade que a Bíblia usa muitas vezes uma linguagem antropomórfica para que possamos compreender a sua vontade. Antro = Homem / Mórfica = Formas / Formas Humanas.
Quando Jesus foi batizado por João Batista, Deus Pai fez uma declaração verbal que expressava sentimento: “Este é o meu filho amado, em quem me comprazo”. (Mt 3.17b)

2. O QUE FAZ JESUS CHORAR COM RELAÇÃO À NOSSA VIDA

Incredulidade: Em Lucas 19.41, a Bíblia diz, referindo-se à entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, montado num jumentinho, em meio ao povo gritando “Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor”, que quando Jesus ia chegando, vendo a cidade, chorou sobre ela. Acontece que os judeus aguardavam um Messias político e esse mesmo povo que gritava “Hosana”, diante de Pilatos pediria para soltar Barrabás e crucificá-Lo. A palavra chorou, nesse caso, no grego significa έκλαυσεν** (eklause), que é mais do que derramar lágrimas, é lamentação, pranto, soluço e clamor de uma alma em agonia em ver a incredulidade e a recusa em arrepender-se por parte dos judeus. A grande recusa em massa em não aceitar a salvação, e essa recusa pela pessoa de Jesus ocorre até os dias de hoje em Israel. Eles vivem do comércio religioso, porém, são incrédulos. Tal incredulidade também está presente por toda a terra e isso faz Jesus chorar.

Relacionamento superficial com base em interesses: Em Isaías 29.13, o SENHOR declara por meio do profeta Isaías: “... Pois que este povo se aproxima de mim e, com a boca e com os lábios, me honra, mas o seu coração se afasta para longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens em que foi instruído”. Não é de hoje que o povo busca fazer barganha com Deus, 700 anos antes do nascimento de Jesus, essa já era uma prática comum. Isso com certeza faz Jesus chorar. Desobediência, Injustiça, Devassidão, Idolatria, Adultério, Homossexualismo, Sodomia, Roubo, Avareza, Bebedice, Mentira, Feitiçaria, Homicídios, Estupros, Pedofília, Ira, Inimizade, Hipocrisia, Glutonária, Contenda, Prostituição, Fornicação, Impureza e coisas semelhantes a estas: Aqui é um compêndio de três textos bíblicos que dão uma noção geral do que faz Jesus chorar, e chorar a tal ponto de que, se quem pratica esses atos não se arrependerem, o que lhes estará reservado será o inferno, e lá serão eles que chorarão, pois diz a Bíblia que o inferno é um lugar de choro e ranger de dentes. ((1 Co 6.9-10; Gl 5.20-21; Ap 21.8)

3. CONCLUSÕES

Devemos fazer Jesus sentir prazer como o nosso proceder e não tristeza. Se você tem derramado as lágrimas do arrependimento, se você tem rasgado o seu coração porque busca abandonar o pecado ou se o seu choro tem sido fruto de perseguições por você ser fiel a Jesus, há uma promessa de Deus pra sua vida no sermão do monte que diz: “Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados” (Mt 5.4). Se você tem chorado por ver tamanha maldade e injustiça à sua volta, há um consolo da parte de Deus pra você. A Bíblia diz em Eclesiastes 3.4, que há tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear e tempo de dançar. Se você está em pecado, morto em seus delitos pode ser que esteja vivo, porém, morto espiritualmente, e Jesus tem poder para remover a pedra e gerar vida espiritual em você novamente. Se você está chorando e quer entregar a sua vida com sinceridade para Jesus, o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã. (Sl 30.5)

ABSTRACT
This paper argues that John 11:35 says the nature of Jesus as fully God and fully man. This statement is supported on the following arguments: (1) felt emotions (Matt. 9:36, 14:14, 15:32, 20:34), (2) I felt sadness and anguish (Matthew 26:37), (3 ) felt joy (Jn 15:11, 17:13; Hb12: 2), (4) felt anger (Mark 3:5, 10:14), (5) felt anger (Mt 21: 12,13), (6 ) If surprise (Luke 7:9, Mark 6:6), (7) If you feel harassed (Mark 14:33), (8) If moved and weeps (John 11:33,35,38). That is, the incarnate God assumed humanity completely, becoming liable to the same physical and psychological limitations common to all men, expressing their humanity even through the tears, the tears.

KEYWORDS
John 11:35, Jesus, he cried.

* O autor é seminarista em Teologia no STEMAT – Seminário Teológico Evangélico de Mato Grosso e cursa Bacharel em Teologia. É professor de Escola Bíblica Dominical e tem mais de 250 artigos de cunho evangélico publicados.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

O Poder da Fraqueza

Em verdade que não convém gloriar-me; mas passarei às visões e revelações do Senhor. Conheço um homem em Cristo que há catorze anos (se no corpo, não sei, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) foi arrebatado ao terceiro céu. E sei que o tal homem (se no corpo, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) Foi arrebatado ao paraíso; e ouviu palavras inefáveis, que ao homem não é lícito falar. De alguém assim me gloriarei eu, mas de mim mesmo não me gloriarei, senão nas minhas fraquezas. Porque, se quiser gloriar-me, não serei néscio, porque direi a verdade; mas deixo isto, para que ninguém cuide de mim mais do que em mim vê ou de mim ouve. E, para que não me exaltasse pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de não me exaltar. Acerca do qual três vezes orei ao Senhor para que se desviasse de mim. E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte. (2 Coríntios 12.1-10)

A paz de Cristo. O tema desta palavra é um tanto paradoxal, todavia, lendo o texto do Apóstolo Paulo dirigido à Igreja de Corinto, é possível discernir que há realmente poder na fraqueza.

Fato é que a soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda. Melhor é reconhecer a pobreza de espírito e a necessidade de ser totalmente dependente do Pai. Afinal de contas, sem Jesus nada podemos fazer.

Na medida em que nos sentimos fortes, mais nos afastamos de Deus por acreditar que somos autossuficientes. E quando nos sentimos fracos, mais nos aproximamos de Deus. Creio que é por isso que Paulo diz se gloriar nas fraquezas e vai além: “De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo”.

O poder de Cristo é muito mais eficaz que o poder e a força humana. Considerar-se forte é rejeitar o poder de Cristo e se firmar na fragilidade do homem. Sábio é reconhecer a fraqueza humana e então fortalecer-se no Senhor e na força do seu poder, como o próprio Paulo recomenda aos efésios.

A Bíblia Sagrada não revela a natureza específica do espinho na carne de Paulo, contudo, há um consenso teológico de que se tratava de algum tipo de fraqueza ou enfermidade física.

A fraqueza humana revela no mínimo 3 verdades para quem crê em Deus e professa Jesus Cristo como Senhor e Salvador:

1ª) A fraqueza humana leva o cristão a se tornar dependente de Deus.
“Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte”. (2 Co 12.10)

2ª) A fraqueza humana revela a plena suficiência da graça de Deus.
“E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza...” (2 Co 12.9)

3ª) A fraqueza humana aperfeiçoa o poder de Deus em nós.
“... De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo”. (2 Co 12.9)

Em Deus é melhor que sejamos fracos. Mas em Deus, se somos fracos, aí então é que somos fortes. Esse é o paradoxo da vida cristã. Davi era fraco diante de Golias, mas em Deus ele era forte.

Porque quando estou fraco então sou forte.

Em Cristo, usufruindo o poder da fraqueza,
Anderson Vieira

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Aparência do mal

Abstende-vos de toda a aparência do mal. (1 Ts 5.22)

A paz de Cristo. Tenho dito com certa frequência aos amigos mais próximos que muitas vezes agimos como se o cristianismo fosse um conto de William Shakespeare. Já o inimigo de nossas almas, investe contra a nossa vida espiritual com seriedade, ao ponto do apóstolo Pedro dizer: “Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar”. (1 Pe 5.8)

O apóstolo Paulo, em sua carta à igreja de Tessalônica, com sua teologia pragmática, faz uma recomendação digna de apreço: “Abstende-vos de toda a aparência do mal”. (1 Ts 5.22) – Abster é privar-se, conter-se, refrear-se, e Paulo diz referente a TODA aparência do mal.

A aparência do mal não é o mal em si. É o que se mostra à primeira vista. É uma questão de prudência. É um alerta. Todavia, esquecemos que estamos em meio a uma batalha e que nosso adversário lança sem pudor seus dardos inflamados contra nós. Não levamos a sério o fato de que a nossa luta não é contra a carne e nem sangue, mas sim contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.

Deveríamos ser simples como a pomba e prudentes como a serpente, mas preterimos fazer uso da armadura de Deus e entramos nos confrontos despreparados. Não oramos nem tampouco jejuamos na maioria das vezes. Muitos de nossos devocionais são substituídos por Big Brother Brasil, A Fazenda e outras imundícies, além do que, grande parte da nossa comunhão é nocauteada por um monte de assuntos em que nada exaltam o reino de Deus.

Eu creio que:
Abster-se da aparência do mal é vigiar, orar, ler e estudar a palavra a fim de que não pereça à semelhança de muitos cristãos que desprezaram o conhecimento. (Os 4.6)

Abster-se da aparência do mal é negar-se a si mesmo.

Abster-se da aparência do mal é reconhecer a fraqueza, a pobreza de espírito e tendo esse entendimento, mergulhar no rio de Deus e ser totalmente dependente do Pai.

Abster-se da aparência do mal é jamais esquecer que ainda existe uma cruz a ser carregada.

Abster-se da aparência do mal é habitar no esconderijo do Altíssimo e à sombra do Onipotente descansar.

Abster-se da aparência do mal é ser prudente e agir como filho de Deus no Facebook, Orkut, Msn. Enfim, no mundo cibernético.

Abster-se da aparência do mal é permanecer firme até a volta do Senhor Jesus Cristo.

Quem tem ouvidos, ouça.

Em Cristo e abstendo-me da aparência do mal,
Anderson Vieira