segunda-feira, 27 de junho de 2011

Sermão A Crucificação de Jesus

Leitura texto áureo: (Mt 27.22-51)

1. Introdução
a) Histórico da prática da crucificação
Dados históricos relatam que aparentemente a primeira prática conhecida de crucificação foi realizada pelos persas. Alexandre e seus generais trouxeram esta prática para o mundo mediterrâneo, para o Egito e para Cartago. Os romanos ao que tudo indica aprenderam a prática dos cartagineses rapidamente e desenvolveram nesta prática um grau muito alto de eficiência e habilidade. Vários autores romanos (Lívio, Cícero, Tácito) comentam a crucificação, e são descritas várias inovações, modificações, e variações na literatura antiga.

b) Tipos de Cruz
Segundo relatos de pesquisadores, a cruz pesava mais de 136 quilos. Somente o “patibulum” que era o braço da cruz, pesava por volta de 50 quilos. Já o “stipe” que era o poste vertical pesava quase 90 quilos. Pintores Medievais e da Renascença nos deram o retrato de Cristo levando a cruz inteira, porém ele carregou somente o braço da mesma, com um peso aproximado de 50 quilos.
• Cruz Decussata tinha a forma de X.
• A Cruz Commissata ou Cruz Tau, tinha a forma da letra T.
• Cruz Inmissa também conhecida como Cruz Latina, tinha o braço cerca de 1 metro abaixo do topo do poste vertical. (Há uma grande concordância entre estudiosos de que tenha sido nesse tipo de cruz que Jesus foi crucificado, devido à inscrição colocada acima da sua cabeça.

c) A quem se destinava a crucificação no Império Romano?
A crucificação era uma punição reservada a escravos rebeldes e aos que se opunham ao domínio romano. As torturas que os condenados sofriam eram enormes. Eram desnudados, flagelados, ofendidos e carregavam a própria cruz. Ficavam suspensos a dois ou três metros do chão. Alguns agonizavam vários dias.
A crucificação era denominada dentro do império romano, como “servile supplicium”, ou seja, suplício infringido ao escravo.

2. Desenvolvimento

a) Suor com gotas de sangue no Getsêmani
O médico Lucas, o único a relatar esse fato nos evangelhos diz: “E, posto em agonia, orava mais intensamente. E o seu suor tornou-se como grandes gotas de sangue, que corriam até o chão”. (Lc 22.44)
A Hematidrose é um fenômeno raríssimo, é fruto de uma fraqueza física excepcional acompanhada de um abatimento moral violento. Ela causa o rompimento das finíssimas veias capilares que estão sob as glândulas sudoríparas. O sangue se mistura ao suor e escorre por todo o corpo até chegar ao chão. Verdadeiramente o suor de Jesus tornou-se como grandes gotas de sangue.

b) Diante de Caifás, o sumo sacerdote, Jesus é agredido
“Então cuspiram-lhe no rosto e lhe davam punhadas, e outros o esbofeteavam, Dizendo: Profetiza-nos, Cristo, quem é o que te bateu?” (Mt 26.67-68)

c) A condenação
De manhã cedo, Jesus, surrado e com hematomas, desidratado, e exausto por não dormir, é levado ao Pretório da Fortaleza Antônia, o centro de governo do Procurador da Judéia, Pôncio Pilatos. E Pilatos não encontrando em Jesus erro algum, envia-o a Herodes Antipas, porém, Herodes ao escarnecer de Jesus, manda-o de volta para Pilatos.
Pilatos manda açoitarem a Jesus a fim de que o povo retroceda, porém o povo pede que Pilatos solte a Barrabás e crucifique a Jesus.

d) O açoite

A flagelação era uma preliminar para toda execução Romana. O instrumento usual era um açoite curto flagellum conhecido como AZZORAGUE com várias cordas ou correias de couro, às quais se atavam pequenas bolas de ferro ou pedacinhos de ossos de ovelhas a vários intervalos.
Os preparativos para as chicotadas foram realizados quando o prisioneiro era despido de suas roupas, e suas mãos amarradas a um poste, acima de sua cabeça.

O pesado chicote é batido com toda força contra os ombros, costas e pernas de Jesus. Primeiramente as pesadas tiras de couro cortam apenas a pele. Então, conforme as chicotadas continuam, elas cortam os tecidos debaixo da pele, rompendo os capilares e veias da pele, causando marcas de sangue, e finalmente, hemorragia arterial de vasos da musculatura.
As pequenas bolas de chumbo primeiramente produzem grandes, profundos hematomas, que se rompem com as subseqüentes chicotadas. Finalmente, a pele das costas está pendurada em tiras e toda a área está uma irreconhecível massa de tecido ensangüentado. Quando é determinado, pelo centurião responsável, que o prisioneiro está a beira da morte, então o espancamento é encerrado.
Então, Jesus, quase desmaiando é desamarrado, e lhe é permitido cair no pavimento de pedra, molhado com Seu próprio sangue.

e) A Coroa de Espinhos
Depois da flagelação, os soldados estavam acostumados a fazer gozações humilhantes com suas vítimas. Por isso foi colocada sobre a cabeça de Jesus, como emblema irônico de sua realeza uma coroa de espinhos. Na Palestina abundam os arbustos espinhosos, que puderam servir para este fim; utilizou-se o Zizyphus ou Azufaifo, chamado Spina Christi, de espinhos agudos, longos e curvos (o tamanho variava de 12 a 15 centimetros) e para piorar esses espinhos tem uma espécie de veneno que arde quando em contato com a carne.
Os soldados romanos veem uma grande piada neste Judeu, que se dizia ser o Rei. Eles atiram um manto sobre os seus ombros e colocam um pau em suas mãos, como um cetro.
Após zombarem dele, e baterem em sua face, tiram o pau de suas mãos e batem em sua cabeça, fazendo com que os espinhos se aprofundem em sua cabeça. Finalmente, cansado de seu sádico esporte, o manto é retirado de suas costas. O manto, por sua vez, já havia aderido ao sangue e grudado nas feridas. Como em uma descuidada remoção de uma atadura cirúrgica, sua retirada causa dor torturante. As feridas começam a sangrar como se ele estivesse apanhando outra vez.

f) A caminho da crucificação
A pesada barra horizontal da cruz, o “patibulum” é amarrada sobre os ombros de Jesus, e a procissão do Cristo condenado, dois ladrões e o destacamento dos soldados romanos para a execução, encabeçada por um centurião, começa a vagarosamente até o Gólgota. Apesar do esforço de andar ereto, o peso da madeira somado ao choque produzido pela grande perda de sangue, é demais para ele. Ele tropeça e cai. As lascas da madeira áspera rasgam a pele dilacerada e os músculos de seus ombros. Ele tenta se levantar, mas os músculos humanos já chegaram ao seu limite.
O centurião, ansioso para realizar a crucificação, escolhe um observador norte-africano, Simão, um Cirineu, para carregar a cruz. Jesus segue ainda sangrando, com o suor frio de choque. A jornada de mais de 800 metros da fortaleza Antônia até o Gólgota é então completada.

g) A crucificação propriamente dita

A crucificação começa: Jesus é oferecido vinho com mirra, um leve analgésico. Jesus se recusa a beber. Simão é ordenado a colocar a barra no chão e Jesus é rapidamente jogado de costas, com seus ombros contra a madeira. O legionário procura a depressão entre os ossos de seu pulso. Ele bate um pesado cravo de ferro quadrado que traspassa o pulso de Jesus, entrando na madeira. (Com os braços estendidos, mas não tensos, os pulsos eram cravados no patíbulo. Desta forma, os pregos de 1 centímetro de diâmetro em sua cabeça e de 13 a 18 centímetros de comprimento, eram provavelmente postos entre o rádio e os metacarpianos, ou entre as duas fileiras de ossos carpianos, ou seja, perto ou através do forte flexor retinaculum e dos vários ligamentos intercarpais). Rapidamente ele se move para o outro lado e repete a mesma ação, tomando o cuidado de não esticar os ombros demais, para possibilitar alguma flexão e movimento. A barra da cruz é então levantada e colocada em cima do poste, e sobre o topo é pregada a inscrição onde se lê: "Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus".
O pé esquerdo agora é empurrado para trás contra o pé direito, e com ambos os pés estendidos, dedos dos pés para baixo, um cravo é batido através deles, deixando os joelhos dobrados moderadamente. A vítima agora é crucificada. Enquanto ele cai para baixo aos poucos, com mais peso nos cravos nos pulsos a dor insuportável corre pelos dedos e para cima dos braços para explodir no cérebro – os cravos nos pulsos estão pondo pressão nos nervos medianos. Quando ele se empurra para cima para evitar este tormento de alongamento, ele coloca seu peso inteiro no cravo que passa pelos pés. Novamente há a agonia queimando do cravo que rasga pelos nervos entre os ossos dos pés.
Enquanto os braços se cansam, grandes ondas de cãibras percorrem seus músculos, causando intensa dor. Com estas cãibras, vem a dificuldade de empurrar-se para cima. Pendurado por seus braços, os músculos peitorais ficam paralisados, e o músculos intercostais incapazes de agir. O ar pode ser aspirado pelos pulmões, mas não pode ser expirado. Jesus luta para se levantar a fim de fazer uma respiração. Finalmente, dióxido de carbono é acumulado nos pulmões e no sangue, e as cãibras diminuem.
Ele passa horas de dor sem limite (Das 9h da manhã até as 3h da tarde), ciclos de contorção, câimbras nas juntas, asfixia intermitente e parcial, intensa dor por causa das lascas enfiadas nos tecidos de suas costas dilaceradas, conforme ele se levanta contra o poste da cruz. Então outra dor agonizante começa. Uma profunda dor no peito, enquanto seu pericárdio se enche de um líquido que comprime o coração.
Agora está quase acabado - a perda de líquidos dos tecidos atinge um nível crítico - o coração comprimido se esforça para bombear o sangue grosso e pesado aos tecidos - os pulmões torturados tentam tomar pequenos golpes de ar. Os tecidos, marcados pela desidratação, mandam seus estímulos para o cérebro.
O corpo de Jesus chega ao extremo, e ele pode sentir o calafrio da morte passando sobre seu corpo. Este acontecimento traz as suas próximas palavras - provavelmente, um pouco mais que um torturado suspiro “Está consumado!”. (Jo 19.30)

O método comum de terminar uma crucificação era por crucificatura, quebrando os ossos das pernas. Isto impedia que a vítima se levantasse, e assim eles não podiam aliviar a tensão dos músculos do peito e logo sufocaram. As pernas dos dois ladrões foram quebradas, mas, quando os soldados chegaram a Jesus viram que não era necessário.

Aparentemente, para ter certeza da morte, um soldado traspassou sua lança entre o quinto espaço das costelas, enfiado para cima em direção ao pericárdio, até o coração. O verso 34 do capítulo 19 do evangelho de João diz: "E imediatamente verteu sangue e água." Isto era saída de fluido do saco que recobre o coração, e o sangue do interior do coração.
3. Conclusão
Não há mais o que escrever nem o que dizer. Encerro com um versículo: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que Deus o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. (Jo 3.16)

Em Cristo,
Anderson Vieira