quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Jejum Bíblico, uma prática esquecida

Referência Mateus 4.2

INTRODUÇÃO
A paz de Cristo. Começo este sermão afirmando uma verdade incontestável, o “jejum é bíblico” e está presente no Antigo e Novo Testamento. O “jejum” tinha se tornado uma prática comum entre judeus e foi continuado pelos cristãos da Igreja Primitiva. Segundo o Dicionário Bíblico Strong, jejum em hebraico, aramaico e grego significa primariamente: “abstinência voluntária como exercício religioso”. 

É interessante que o único jejum que Deus exigia do povo judeu era aquele da celebração anual do Dia da Expiação onde simbolicamente Javé se reconciliava com o seu povo escolhido (Lv 23.27). É importante dizer que o sacrifício de Cristo na cruz foi expiatório, apaziguando a ira de Deus de uma vez por todas por nós que fomos lavados e remidos no seu sangue.

Era no Dia da Expiação, dia do jejum público prescrito pela lei mosaica, no décimo dia do mês de Tisri, ou seja, em Outubro em nosso calendário, que o jejum ocorria.

Neste dia, o sumo-sacerdote, líder dos sacerdotes, exercia sua principal tarefa, uma vez por ano ele entrava no Santo dos Santos e oferecia sacrifícios por seus próprios pecados e pelos pecados do povo.
Para o Rev. Hernandes Dias Lopes, “Jejum é fome de Deus”.
Para John Piper, “Jejum é fome de Deus e não apenas pelas bênçãos de Deus”.
Para Martyn Lloyd-Jones (famoso teólogo protestante) “jejum não pode ser entendido apenas como uma abstinência de alimentos, mas deve também incluir abstinência de qualquer coisa que é legítima em si mesma por amor de algum propósito espiritual”.
Na Igreja do Evangelho Pleno na Coréia do Sul, do Pr David Young Cho, no altar está escrito “É proibido jejuar mais de 40 dias”. 
Na Igreja Batista da Lagoinha, o Pr. Márcio Valadão orienta que os membros façam diversos jejuns no decorrer do ano.

Velho Testamento

Apesar de não haver uma ordenança acerca do jejum além do Dia da Expiação, no Antigo Testamento, o jejum era praticado pelo povo de Israel em diversas situações, em especial, em tempos de aflição: 

a. Guerra ou ameaça. Israel jejuou em Betel, na guerra contra os benjamitas (Jz 20.26). 

b. Doença. Davi menciona o jejum por seus inimigos doentes (SI 35.13).

c. Luto. Davi e o povo jejuaram pela morte de Saul e Jônatas (2 Sm 1.12).

d. Penitência. O jejum geral por ocasião da leitura pública da lei por Esdras foi um ato de penitência (Ne 9.1).

e. Perigo iminente. Neemias jejuou quando soube do estado de Jerusalém (Ne 1.4).


Novo Testamento

No Novo Testamento, apesar de não haver um imperativo acerca desta prática do jejum, existem várias menções ao mesmo e pelas palavras de Jesus podemos entender indutivamente que Jesus esperava que jejuássemos, pois ele mesmo disso: “Quando jejuardes” (Mt 6.16) e referindo-se aos discípulos “naqueles dias jejuarão” (Lc 5.35). 

“Quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque desfiguram o rosto com o fim de parecer aos homens que jejuam. Em verdade vos digo que eles já receberam a sua recompensa. Tu, porém, quando jejuardes, unge a cabeça e lava o rosto, com o fim de não parecer aos homens que jejuas, e sim ao teu Pai, em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará.” (Mt 6.16-18).

“Disseram-lhe eles: Os discípulos de João e bem assim os fariseus frequentemente jejuam e fazem orações; os teus, entretanto, comem e bebem. Jesus, porém, lhes disse: Podeis fazer jejuar os convidados para o casamento, enquanto está com eles o noivo? Dias virão, contudo, em que lhes será tirado o noivo; naqueles dias, sim, jejuarão.” (Lc 5.33-35).

“Mas esta casta de demônios não se expulsa senão pela oração e pelo jejum”. (Mt 17.21)





Além disso: 

a. Ana, a profetisa, servia a Deus com jejuns e orações (Lc 2.37). 

b. João Batista e seus discípulos jejuavam (Mc 2.18). 

c. Jesus jejuou (Mt 4.2).

d. A Igreja Primitiva jejuava (At 13.2-3).

e. Paulo jejuava. (At 9.9)

Duração do Jejum

Não há regras fixas na Bíblia sobre quando jejuar ou qual tipo de jejum praticar, isto é algo pessoal. Devemos discernir o tempo de duração que mais se adeque à nossa necessidade.

1 dia - O jejum do Dia da Expiação (Lv 16.29)

3 dias - O jejum de Ester (Et 4.16) 

7 dias - Jejum por luto pela morte de Saul (I Sm 31.13)

14 dias - Jejum involuntário de Paulo e os que com ele estavam no navio (At 27.33)

21 dias - O jejum de Daniel em favor de Jerusalém (Dn 10.3)

40 dias - O jejum do Senhor Jesus no deserto (Lc 4.2)


Existem ao menos três tipos de jejum

Jejum parcial – Daniel 10.3

A pessoa se abstém de certas refeições diárias e de certos alimentos.
Jejum absoluto – Atos 9.9

Neste tipo de jejum a pessoa se abstém de comida e bebida. Não dura mais que três dias.

Jejum sobrenatural sob a direção de Deus – Êxodo 34.28 e 1 Reis 19.8

A Bíblia fala de Moisés e Elias jejuando períodos de quarenta dias, mas estavam em condições sobrenaturais de Deus. 

DESENVOLVIMENTO

Quero falar ao menos de 5 resultados do jejum na nossa vida:

1) O jejum nos faz andar em Espírito. 
Kenneth Hagin disse: “O jejum muda o homem, tornando-lhe mais suscetível ao Espírito Santo”. O jejum mortifica a nossa carne e aflige a nossa alma, levando-nos a andar no Espírito e não satisfazer a concupiscência da carne (Gl 5.16). 

2) O jejum é para nos humilharmos diante de Deus.
Daniel se humilhou durante 21 dias por meio do jejum, teve as suas palavras ouvidas por Deus e foi consolado (Dn 10.1-12).

3) O jejum é para suplicarmos a intervenção de Deus.
Josafá apregoou jejum em todo o Judá, buscou ao Senhor, clamou por intervenção divina, até as crianças e mulheres participaram e a vitória veio sobre Moabe e Amom (2 Cr 20.3).

4) O jejum é para voltarmo-nos para Deus com todo o nosso coração (Jl 2.12,13). 
Joel chamou o povo ao arrependimento com jejuns, choro e pranto a fim de que rasgassem o coração e se convertessem ao Senhor.

5) O jejum é para reconhecermos a nossa total dependência de Deus (Ed 8.21-23). 
Quando os exilados judeus estavam se preparando para voltar a Jerusalém, Esdras convocou um jejum nacional, pedindo a Deus que os guiasse, guardasse e os protegesse.

CONCLUSÃO

O jejum é uma prática que não pode ser esquecida pela igreja. Os grandes reavivamentos bíblicos e na história da igreja foram respostas de oração e jejum. 

No que depender de nós, o jejum bíblico, de prática esquecida, volta hoje a ser praticado para a glória do Senhor. 

Em Cristo e em jejum,
Anderson Vieira