Atos 2:42-47
INTRODUÇÃO
A paz de Cristo.
Fiquei pensando por vários dias acerca do mover de Deus que ocorreu entre nós
durante os Congressos de Missões e Avivamento. Incomodado, creio eu, pelo
Espírito Santo, comecei a querer encontrar respostas para a minha própria vida
após tudo que havia sido dito e acontecido. E Deus, por sua infinita graça e
misericórdia trouxe algumas respostas ao meu coração e também me compeliu a
estudar sobre o assunto. Além disso, o Pai, deu-me um insight com uma frase que
decidi que seria o tema do sermão desta noite: “Avivamento: o que se sente e se
vê ou o que se vive”.
Se avivamento é o
que se sente, simplesmente isso e nada mais, sentir um arrepio na espinha,
emocionar-se, até mesmo chorar seria uma marca irrefutável de um mover de Deus.
Todavia, a Bíblia mostra-nos no Livro de Atos que avivamento é muito mais que
sentir alguma coisa corporalmente, é profunda mudança de vida.
Muita gente após
um culto declara que foi uma bênção. E afirmam isso porque viram pessoas
caindo, falando em línguas etc. Avivamento redunda em mudanças comportamentais
efetivas na igreja e sociedade. Toda a igreja pode falar em línguas,
profetizar, louvar, pular e gritar, mas se ao terminar o culto, nada mudar na
vida pessoal dos crentes, tal avivamento não terá valido de nada.
A minha pergunta,
no entanto, é: "Esse que caiu no Espírito aprendeu a andar no Espírito daí
em diante? Ele aprendeu a se tornar um ser humano melhor? Ou ele caiu no culto
e, em casa, caiu de tapa na mulher? Caiu novamente na pornografia da internet?
Caiu nos prazeres da carne? Porque dependendo das respostas a estas perguntas
podemos considerar a experiência válida ou não.
CAIR POR CAIR NÃO
É COMIGO. SÓ VALE A PENA CAIR SE FOR PARA NOS LEVANTARMOS DIFERENTES, CHEIOS DO
ESPÍRITO SANTO.
Vemos muitos milagres,
inúmeras manifestações de Deus em nosso
meio, e na maioria das vezes, não ficamos mais crentes por causa disso.
O povo de Israel via milagres diários de Deus no deserto e bastou Moisés se
ausentar por um tempo para eles construírem um bezerro de ouro. O que nós vemos
pode gerar impressão e mesmo assim não mudar o nosso coração petrificado.
Muitas vezes
carregamos uma bíblia fisicamente em nossas mãos, mas essa mesma palavra viva
está morta em nosso coração. Avivamento precisa ir além das paredes eclesiásticas.
Avivamento tem poder de influenciar toda uma sociedade corrompida pelo pecado.
Falar até o
papagaio fala. Precisamos viver, a fé sem obras é morta. Dizer que tivemos um
avivamento, cair, falar em línguas, mas não expressar mudança de caráter e
transformações na vida como um todo invalidam a veracidade do avivamento que
dissemos ter experimentado.
Avivamento verdadeiro
é quando um bairro, uma cidade, um estado e até mesmo um país é invadido pela
presença de Deus, a ponto de as pessoas que habitam nessas regiões terem o
estilo de vida transformados radicalmente. Ser cheio do espírito santo é amar
mais, se preocupar com quem tá sofrendo, perecendo por uma vida de pecado,
visto que o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo.
(Rm 5.5)
John Stott define
avivamento como: “... uma visitação
inteiramente sobrenatural do Espírito soberano de Deus, pela qual uma
comunidade inteira toma consciência de Sua santa presença e é surpreendida por
ela. Os inconversos se convencem do pecado, arrependem-se e clamam a Deus por
misericórdia, geralmente em números enormes e sem qualquer intervenção humana.
Os desviados são restaurados. Os indecisos são revigorados. E todo o povo de
Deus, inundado de um profundo senso de majestade divina, manifesta em suas
vidas o multifacetado fruto do Espírito, dedicando-se às boas obras” (A
verdade do Evangelho, p. 119).
O que temos visto
em muitos arraiais não passa de algazarra eclesiástica. Há muito pulo, gritos,
meneios, mas pouca santidade prática. Pouco compromisso com a obra de Deus.
Pouco compromisso com a oração. Quase nenhuma prática de jejum. Quase nenhuma
intenção de evangelizar as pessoas que ainda não ouviram o evangelho de Cristo.
Ninguém quer sair de suas cadeiras confortáveis para lugares inóspitos. Muitos
não abrem mão de cumprir uma rotina de cultos duas vezes por semana e o que
existir mais que isso não lhe desperta o mínimo interesse.
Em que consiste o verdadeiro avivamento?
1. O genuíno
avivamento, acima de tudo, é bíblico, ou seja, está centrado na mensagem total
da Bíblia.
2. O genuíno
avivamento está centrado em Cristo, sua encarnação, vida, missão, cruz, morte,
ressurreição e ascensão.
3. O genuíno
avivamento produz o fruto do Espírito.
4. O genuíno
avivamento não divide, pelo contrário, cria unidade.
5. O genuíno
avivamento cria contrição. Produz um autêntico quebrantamento perante o
Senhor.
6. O genuíno
avivamento cria um estilo de vida dominado pelo amor.
7. O verdadeiro
avivamento expõe as verdades antigas do evangelho.
8. O verdadeiro
avivamento leva os cristãos à profunda santidade.
9. O verdadeiro
avivamento traz abertura, convicção, quebrantamento, confissão e arrependimento
do pecado.
10. O verdadeiro
avivamento traz uma nova vida à ação missionária da Igreja. Reacende a chama
por missões. O amor ao perdido é reanimado pela ação irresistível do Espírito
Santo.
11. O verdadeiro
avivamento traz mudança na sociedade em que a Igreja está inserida.
DESENVOLVIMENTO
Atos 2.42-47
descreve detalhadamente o estilo de vida dos primeiros cristãos na cidade de
Jerusalém. Contemplamos a nova postura comportamental de uma comunidade que
vivia sob os paradigmas do reino de Deus. Suas ações revelavam como o Espírito
Santo estava agindo na rotina de cada um produzindo uma filosofia cristã de
crescimento espiritual visível e permanente:
A) Vida incomum
conduzida pela aprendizagem
O versículo
quarenta e dois afirma que aqueles irmãos “... perseveravam na doutrina dos
apóstolos...”. O termo “perseverar” tem como significado básico os conceitos:
conservar-se firme, persistir, ter perseverança, permanecer, continuar e durar.
Na língua grega a expressão pode ser traduzida como: “dedicar tempo, energia e
esforço a um objetivo específico,” “continuar,” “manter,” “guardar,” e
“engajar-se com persistência”. Nesse sentido, o verbo transmite a ideia de uma
ação contínua, em que há uma dedicação intensa de energia para cumprir um
objetivo pré-estabelecido. Um avivamento genuíno me leva a perseverar na aprendizado
e vida cristã.
B) Vida incomum
conduzida pela comunhão solidária
O texto ainda nos
diz que aqueles irmãos e irmãs estavam entusiasmados e\ou “perseveravam na
comunhão.” Stott (1994) ao analisar essa característica parte da premissa de
que o termo grego “koinonia” expressa aquilo que os filhos de Deus
compartilham, de modo especial: o vínculo espiritual com a Trindade e a relação
afetiva entre aqueles que professam a mesma fé. Tal afetividade pode ser
mensurada no modo como os primeiros cristãos compartilhavam suas propriedades e
bens uns com os outros, revelando, nesse sentido, cuidado e sensibilidade
espiritual. Um avivamento genuíno me leva a olhar para o meu próximo de modo
especial. Para o necessitado.
C) Vida incomum
conduzida pelas orações
Um dos elementos fundamentais
na história da igreja cristã em Jerusalém foi a oração, de tal modo, que o
evangelista Lucas narra que aqueles novos convertidos perseveravam neste tipo
de atitude, e ao decorrer do livro de Atos encontramos esse comportamento se
repetindo como uma prática comum e importante entre eles. Um avivamento genuíno
nos leva à prática da oração.
D) Vida incomum
conduzida pela alegria, louvores a Deus e a novos convertidos
Havia compromisso
diário, comunhão verdadeira, alegria, sinceridade e louvor a Deus. E
diariamente Deus acrescentava pessoas e a comunidade crescia de forma saudável.
CONCLUSÃO
Todos nós
precisamos da presença real, revitalizadora, confortadora, animadora e
vivificante do Santo Espírito. Falemos em línguas, caiamos, profetizemos dentro
das paredes eclesiásticas, mas também impactemos o mundo com o nosso testemunho
e novo estilo de vida. Oremos.
Em Cristo,
Anderson Vieira